CONTRA VENTOS E MARÉS
Era uma vez um coreto
Era uma vez um coreto,
Que, por malfadada sorte
Num matadouro foi lançado,
E lá vive envergonhado
Esperando pela morte
Aqui jazo triste, qual judeu
Sem destino e sem norte
Mas, condenado à morte?
Que crime cometi eu,
Para merecer tal sorte?
Resquiescat in pacce
Mais uma vez os jornais cá da terra, Notícias do Douro e Arrais, trouxeram à ribalta a recordação do velho coreto do jardim Alexandre Herculano, destronado aquando da destruição deste.
Não sei há quantos anos foi construído aquele que poderíamos considerar uma das relíquias desta cidade. Uma relíquia que certamente tem uma história, que eu não conheço nem muitas outras pessoas a conhecerão. Sabemos que se trata de uma bela obra de arte, feita por quem muito de arte sabia, certamente; já com direito a bodas de platina, não tendo eu sido ouvido, em tempo devido, nem nada podendo fazer por ele agora, rendo aqui o meu preito, àqueles a quem se deveu tal feito.
A sua destruição constituiu um crime de lesa-património, que a impunidade legalizada pela lei da insensibilidade permitiu, da mesma forma que permitiu que o jardim onde se encontrava, fosse destruído por predadores inconsequentes e transformado num museu de pedra e parque de estacionamento automóvel!
Quantas bandas musicais sobre ele desfiaram as suas melodias e prenderam junto de si os forasteiros que acorriam à régua durante as festas de N. S. do Socorro; quantas vezes atraídos pelos tradicionais despiques entre Poiares e Nogueira, o jardim foi pequeno para tantos! Recordam-se?
Quem quiser despedir-se do coreto, enquanto conserva ainda uma réstia de vida, poderá fazê-lo, indo ao matadouro onde, irmanados no mesmo destino, aguardam as últimas cutiladas! Resquiescat in pacce
Quem e o que nos vai deixar a seguir? Quem sabe se não vão levar-nos o rio...
in José Oliveira Guerra,
O Arrais
02 de Agosto de 2007
in Barco Rabelo - Descubram onde se encontra o CoretoDESCUBRAM ONDE SE ENCONTRA O CORETO
http://barcorabelo.blogspot.com/2007/12/descubram-onde-se-encontra-o-coreto.html
29 de Dezembro de 2007
Etiquetas: José Guerra, O Arrais, O Coreto, Peso da Régua
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